CEM DONA LILI

Artigo 15 -18 anos

OS RESÍDUOS DA ATIVIDADE TURÍSTICA NA ILHA DE PORTO BELO

Oficialmente Ilha João da Cunha, a Ilha de Porto Belo como é popularmente conhecida, fica localizada no litoral norte do estado de Santa Catarina, região sul do Brasil. Inscrições rupestres datam a ocupação da Ilha em mais de quatro mil anos. Documentos oficiais resgistram a ocupação da Ilha para moradia a partir do século 18. O local já teve vários proprietários e já abrigou uma armação baleeira clandestina para retirar o óleo de baleia, que era utilizado principalmente na iluminação pública e na construção civil.

Hoje a Ilha não é habitada por moradores fixos. O local abriga o empreendimento turístico denominado Ilha de Porto Belo, que é regulamentado por vários órgãos ambientais que determinam, por exemplo, a capacidade diária de visita, os locais destinados à exploração do turismo e o tratamento e destinação dos resíduos produzidos.

A Ilha de Porto Belo é comprometida com o equilíbrio ambiental e turismo de qualidade. Desta forma, o empreendimento põe em prática o compromisso com o desenvolvimento sustentável em suas operações, em todos os segmentos que envolvem a atividade turística. Os parceiros prestadores de serviços como transporte e alimentação também seguem estes moldes. Arão Mafra Filho, colaborador do empreendimento há 7 anos, explica como é realizado o gerenciamento dos resíduos produzidos pela atividade turística no local, desde o lixo ao esgoto. O colaborador relata que há lixeiras espalhadas por toda a região destinada aos turistas. Em vários pontos há lixeiras especiais para lixo orgânico e lixo reciclável. Mesmo com várias lixeiras no local, ele diz que muito lixo é recolhido do chão, na maioria das vezes bem próximo ou embaixo das lixeiras. Ele diz ainda que as pessoas não costumam respeitar as indicações de lixo reciclável e orgânico.

O lixo recolhido na Ilha, seja das lixeiras ou do chão, sofre uma breve separação, é armazenado em lixeiras temporárias maiores (de acordo com a sua classificação) e depois levado para o continente de barco. Na alta temporada, a viagem de transporte de lixo até o continente é diária, devido à grande quantidade de lixo produzida pelos turistas. Já na parte continental, o lixo reciclável e o orgânico são depositados em tambores e posteriormente recolhidos pela empresa licenciada para a coleta no município de Porto Belo. 

Na Ilha há um restaurante, uma petiscaria e um quiosque que servem, entre outros, frituras. O óleo vegetal utilizado nesses três ambientes gastronômicos é separado em galões especiais e destinados à cooperativas da região. As atividades na Ilha produzem ainda lixo tóxico e contaminante. Embalagens de óleo para o gerador de energia, latas de tinta, pinceis, embalagens de produtos químicos e lâmpadas, entre outros, não podem ser descartados nem como lixo orgânico, nem como lixo reciclável, pois são lixo tóxico. Outros resíduos que não podem ser descartados nas categorias citadas anteriormente são produzidos na enfermaria do local, que atende turistas com pequenos ferimentos. Algodão, ataduras e gaze, por exemplo, são classificados como lixo hospitalar. O lixo tóxico e o lixo hospitalar são transportados ao continente onde são recolhidos por empresas especializadas que emitem um documento em nome da Ilha, comprovando a destinação adequada desses resíduos.

Arão relata também que algumas ações são realizadas a fim de diminuir o volume de resíduos produzidos. Os três ambientes gastronômicos do local são proibidos de fornecer canudos de plástico e bebidas em embalagens de vidro. Os canudos muitas vezes eram jogados na areia e iam parar no mar, onde os danos ao ecossistema são incalculáveis. As garrafas de vidro, além de aumentar os custos do transporte devido ao seu peso, muitas vezes eram quebradas e jogadas na areia, um perigo para os banhistas e para a grande fauna local. Segundo ele, o problema foi minimizado mas não resolvido, pois a Ilha é aberta à visitação e algumas pessoas que frequentam o local descartam esses materiais de forma irregular.

Outra ação realizada na Ilha é a “bituca zero”, onde lixeiras especiais de cano de PVC foram espalhadas pela Ilha para que os fumantes tenham onde descartar corretamente sua bituca. “O lixo mais recolhido na areia das praias da Ilha é a bituca de cigarro e quando a maré sobe, acaba levando as bitucas ao mar ou enterrando na areia, dificultando a destinação adequada das mesmas”, diz Arão.

Os balões de festas também figuram um problema local que coloca a vida de alguns animais em risco. Na Ilha, atracam barcos turísticos denominados barcos piratas, onde balões em forma de espadas são distribuídos aos turistas. Esses balões acabam estourando e sua borracha, se jogada na água fica boiando. Alguns animais, como tartarugas, pensam que a borracha é comida e, infelizmente, acabam morrendo ao ingerir o material. Em acordo, os balões deixaram de ser distribuídos nos barcos piratas e o problema dos balões na água e na areia das praias começou a diminuir.

Os espaços gastronômicos e os banheiros espalhados pela Ilha produzem o esgoto, que é todo tratado na própria Ilha. O esgoto é bombeado por bombas elétricas para uma região mais alta da Ilha, passa por dois filtros e segue para uma lagoa. Na lagoa são utilizadas plantas, como o aguapé, que finalizam o tratamento da água que fica própria para ser descartada no ambiente. Arão conta que um projeto está em andamento para tornar a água tratada na Ilha em água de reuso, pelo menos para os banheiros. Ele diz ainda que a água utilizada nas atividades da Ilha vem de quatro caixas d’água, que armazenam água da chuva, e de um poço artesiano. A água potável vem apenas do continente, em galões grandes para a atividade culinária e em embalagens menores para o consumo in natura.

De acordo com o apresentado pelo colaborador, conclui-se que a Ilha de Porto Belo procura fazer o melhor para os turistas, sem deixar a questão ambiental de lado. As práticas de gerenciamento dos resíduos produzidos no local vão além da legislação ambiental vigente. Pode-se afirmar que a Ilha pratica o turismo de forma sustentável e que seu gerenciamento de resíduos serve de modelo para outros empreendimentos semelhantes que já existem ou que venham a existir, seja no Estado de Santa Catarina ou em qualquer outra localidade.

Turma: 9° Ano

AUTORES:

BÁRBARA VITÓRIA
PINHEIRO FERNANDES

GABRIELA RAMOS GARDACHO

TAUANA MANUELA HOLLER HAACK